domingo, 11 de agosto de 2013

Considerações sobre o Livro “O Novo Homem” de Louis Claude de Saint Martin. (Palestra feita para a festa de aniversario da Heptada Martinista São Gonçalo)

Antes de tudo gostaria de agradecer pela oportunidade de mais uma vez poder contribuir de alguma forma pelo fortalecimento de nossa egregora, mas quando eu soube o tema do debate eu pensei, como posso falar sobre um tema que eu não compreendo, como posso falar sobre o Novo Homem se eu passo muito longe de um entendimento sobre sua essência? Por mais que eu já tenha lido e estudado as obras de Saint Martin a esse respeito, como posso entender e compreender aquilo que ainda não vivenciei? Por isso resolvi colocar o foco não sobre o Novo Homem mas sobre o que nos impede de entender e ser esse Novo Homem. Como compreender algo que não vivenciamos? Uma mãe pode avisar a um filho para não colocar a mão no fogo ou na tomada elétrica mas enquanto a criança não satisfaz sua curiosidade não sossega e só vai compreender quando sentir as dores da queimadura ou o choque. Hoje não colocamos mais a mão no fogo, ou na tomada pois já vivenciamos essa experiência através de nossos antepassados em nós mesmos. Quanta vivencia falta então, para evitarmos os erros que nos prendem a esse mundo circular, esse orbe rotatório que chamamos de matéria? Essa é uma pergunta que não quer calar e a resposta está dentro de cada um de nós. Saint Martin nos fala da gloria de enxergar essa libertação através do nosso interior se abrindo, mas o único modo de abrir essa porta é através da percepção do quão ilusório é o mundo em que vivemos e consideramos real. Há muito tempo atrás, na minha adolescência li um livro onde pude ter a clara noção de como isso funciona. Não me lembro do autor nem o nome do livro, mas através de um pequeno exemplo alegórico pude entender isso de modo objetivo. Imaginemos um mundo em uma folha de papel onde existiriam dois pontos com autoconsciência que poderiam circular livremente por ali, eles viveriam tranquilamente comunicando-se entre si e até felizes, mas um dia, um homem que observava de longe a alegria daqueles inocentes pontos resolver fazer uma brincadeira e desenha uma linha separando os dois pontinhos. Eles continuam se ouvindo mas não conseguem mais se ver, um obstáculo intransponível os está separando, mas o homem que não é tão mal assim começa a falar para o ponto que é apenas uma linha que os separa, e que basta dar um pequeno salto e ele pode encontrar seu amigo novamente. O Ponto ouve essa voz estranha e não entende o que é um salto, ele só possui duas direções, mas o homem insiste e o ponto com esforço sobre-humano, salta sobre a linha e percebe que o mundo possui uma terceira dimensão, a altura. A partir de agora ele pode ir e vir na folha pulando facilmente a linha. Agora, colocando a fantasia de lado e trazendo essa historia para o nosso mundo tridimensional, podemos claramente ver que estamos vivendo presos dentro de um cubo limitado por nossos cinco sentidos. Será que realmente despertamos quando abrimos os olhos ao amanhecer? Para nós, seres humanos que vivemos no mundo das quatro dimensões do espaço/tempo, essa realidade é um fato indiscutível. Abrimos os olhos e vemos o mundo a nossa volta, ligamos o radio e ouvimos as ultimas noticias, levantamos da cama e sentimos os pés tocarem o chão, respiramos fundo e sentimos o cheirinho do café fresquinho vindo da cozinha, escovamos os dentes e sentimos o sabor refrescante de menta da pasta de dentes. Estamos presos às informações de nossos sentidos físicos. Mas será que nisso reside tudo? Se alguma vez já nos questionamos a esse respeito, significa que não estamos satisfeitos com as respostas dadas pelos sentidos. Por mais que confiemos neles, sempre nos resta aquela duvida, basta fazer um daqueles pequenos testes de ilusão de ótica que encontramos na internet pra perceber o quão falho é nosso sistema sensorial... Às vezes demoramos a perceber certas coisas que estão a frente de nossos narizes. Por quê? Por causa de nosso ponto de referencia. Nossa atenção filtra certas coisas que não nos interessa naquele momento de tal modo que nos tornamos cegos para elas. Não vermos algo não significa que não exista. E se vemos algo, ele existe pois o criamos, esse algo existe somente para mim e para aqueles que estão dispostos a vê-lo. O que acontece é que na “realidade relativa” em que estamos todos imersos, estamos todos dispostos a perceber as coisas da mesma forma. Dentro do teclado cósmico, nos situamos em uma oitava pequenininha ali no meio e desconhecemos totalmente a existência das outras oitavas. Isso me leva a pensar que, poderia haver uma outra realidade alem dessa em que vivemos? E eu me respondo: Sim. Mas como seria essa outra realidade, ou melhor, como seriam essas outras realidades? Não sei, mas posso imaginar... Mas imaginar não me responde as perguntas. Seria necessário ao ser humano o desenvolvimento de um novo modo sensorial, a fim de perceber outras ”realidades”. Isso me remete a outro de nossos mestres do passado Karl Von ECKARTSHAUSEN, no livro Nuvem Sobre o Santuario: “...o olho do homem dos sentidos está profundamente fechado para a base absoluta de tudo que é verdadeiro e de tudo que é transcendental. E mesmo a razão que hoje queremos elevar ao trono como legisladora é tão somente a razão dos sentidos, cuja luz difere da luz transcendental como a chama da madeira apodrecida difere da luz do sol. A verdade absoluta não existe para o homem dos sentidos, mas unicamente para o homem interior e espiritual, que possui um sensorium próprio; ou, para dizer de maneira mais clara, que possui um sentido interior para perceber a verdade absoluta do mundo transcendental... Esse sentido interior do homem espiritual, esse sensorium de um mundo metafísico, infelizmente ainda não é conhecido por aqueles que estão fora... Mas como poderia ser de outro modo? Para ver é preciso ter olhos; para ouvir, ouvidos. Todo objeto sensível requer o seu sentido. Assim é que o objeto transcendental também requer o seu sensorium, e este sensorium está fechado na maioria dos homens...” Enquanto não nos livrarmos da falsa sensação de felicidade criada através da endorfina e da adrenalina invadindo nosso cérebro, não vamos ter VONTADE de descobrir essa verdade além dos nossos limites sensoriais e, portanto manteremos lacrada essa porta. Mas o Cósmico, ou providencia, ou Deus ou como quiserem chamar o equilíbrio das forças universais é sábio e está sempre nos tentando fazer abrir essa porta e nos coloca obstáculos a essa felicidade falsa, gerando infortúnios, ou seja, certas situações onde maldizemos e questionamos a sabedoria divina. Sim, os infortúnios, as tempestades, os furacões que sopram em nossas vidas deveriam servir como chaves para a abertura dessas portas da consciência. Saint Martin chama a isso de remédio amargo, um “medicamento composto de dois ingredientes, de acordo com nossa enfermidade, que é uma mistura de bem com o mal”. Mas é preciso estar preparado para que o remédio faça efeito, é preciso ao menos estar na via de regeneração, caso contrario, não receberemos o remédio pois não sentiremos seu efeito pois o que faríamos? Apenas nos lamentaríamos, xingariamos Deus, blasfemaríamos e acabaríamos nos trancando em uma roda de erros sem fim, ao invés de aprendermos com eles nos enterraríamos cada vez mais. Erramos sim e errar também pode significar vagar. Cabe a nós errar mas com o objetivo de aprender. Erremos mas aprendamos com eles para que eles possam nos guiar em direção à luz. Não devemos nos viciar nos erros tanto quanto nos viciamos em adrenalina e endorfina. Quantos de nós aqui não estamos sempre repetindo os mesmos erros? Quantas vezes, por situações diferentes, acabamos percebendo o mesmo erro? Por isso errar é vagar, andar sem rumo. Mas quando percebemos isso podemos talvez estar prontos para tomar o “remédio amargo” Saint Martin deixa claro que esse remédio amargo não são as dificuldades da vida, as doenças do corpo, as injustiças de nossos semelhantes, pois essas entre aspas “punições da alma” ou provações não dão mais que uma sabedoria temporária. Mas posso considerar que essa sabedoria temporária é completamente essencial para que possamos perceber a necessidade de assimilar o remédio amargo. No contexto iniciatico, a Noite escura da alma é um dos períodos cruciais para a assimilação de uma nova percepção mais ampla. Lembremos que na escuridão as estrelas são sempre mais brilhantes. Como poderemos enxergar verdadeiramente a luz das estrelas se vivemos sempre sob a luz artificial das lâmpadas elétricas? E alem disso, como poderemos nos tornar essa luz se nem ao menos conseguimos vê-la? Portanto a ampliação da percepção pode ampliar também a própria noção de autoconsciência e a ampliação da autoconsciência pode ampliar também a noção de consciência do todo. A simples observação dos astros no céu dava a impressão de que a Terra era o centro do Universo. Observando mais atentamente percebeu-se que a Terra se movia tanto quanto os outros astros e que o centro era o Sol. A criança observando seus pais agindo em função dela acha que ela própria é o centro do universo e quando cresce percebe que é apenas mais um no mundo. Mas se ampliar essa observação ao invés de para fora mas para dentro pode criar uma outra percepção ainda mais subjetiva e pode acabar descobrindo que o Deus que procurava fora na verdade habita em seu coração. O que Saint Martin nos diz é que a verdadeira alegria só pode existir depois que o homem abrir seu interior à essa verdade absoluta que está muito alem do que tocamos e sentimos, enquanto isso, todo o resto é distração. Mas é nesse ponto exato que paro. Quais os caminhos para abertura do nosso interior? Saint Martin escreveu centenas de paginas a esse respeito mas mesmo assim sou burro demais e ainda não consegui assimilar. Estou ainda na floresta dos erros. Ainda sou um homem da torrente preso no circulo Carmico mas isso me faz o pior dos homens, pois já tive acesso a toda essa informação. Não sou mais inocente e o conhecimento disso tudo me torna ainda mais culpado por não colocar em pratica e tentar descobrir em mim esse Novo Homem. É tão simples ser um Homem de Desejo, basta trabalhar em descobrir a Verdadeira Vontade, não aqueles desejos conscientes que saciam o corpo e o ego, mas a vontade que direciona a alma. Quando o homem executa essa Verdadeira Vontade tem a inércia do Universo a seu favor, pois a Verdadeira Vontade de um homem é aquela que o torna uno com o Cósmico. Porque então, na maioria das vezes não conseguimos o que desejamos ou quando conseguimos o objeto de desejo não nos satisfaz? Porque na maioria das vezes estamos fugindo de nossa Verdadeira Vontade, aquela que fala diretamente ao coração. Por isso é tão fácil ser um homem de desejo, basta seguir o caminho do coração. Como dizia Carlos Castaneda: “Qualquer caminho é apenas um caminho e não constitui insulto algum - para si mesmo ou para os outros - abandoná-lo quando assim ordena o seu coração. (...…) Olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o tantas vezes quantas julgar necessárias...… Então, faça a si mesmo e apenas a si mesmo uma pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, esse caminho não possui importância alguma.” Mas ao mesmo tempo que é fácil, paradoxalmente é extremamente difícil nos tornarmos predispostos a abrir a porta de cima de nosso coração pois ela é muito pequena pois só dá espaço para aquela vontade que é única e verdadeira, por isso deixamos aberta a porta de baixo, a que dá acesso ao abdômen que é imensa permitindo assim a entrada de todo tipo de sentimento e de todo instinto involuntário. Mas mudando um pouco o foco e entrando em um tema que com certeza é polemico mas que considero importante da inspiração de Saint Martin é o aviso sobre o cuidado com os ímpetos falsos que pertencem a fantasia, ele diz o seguinte: “Ó vós, iniciadores humanos, como vos arrependereis um dia de haver enganado as almas, conduzindo-as por caminhos nulos figurativos e ilusórios que lhes deram uma calma enganadora, trazendo-lhes alegrias exteriores, comunicando-lhes sombras de verdades que lhes impediram de trabalhar na renovação do seu ser! Todas as vossas associações emblemáticas não lhes comunicaram a vida, pois elas próprias não a tem. Vossas associações práticas lhes serão ainda mais funestas, se não foi o espírito que as convocou, reuniu, constituiu e santificou por suas lágrimas e as preces da sua dor; e onde estão essas associações que nos seriam tão salutares!” Nós que escolhemos e vivemos um caminho iniciatico que a Ordem nos propõe e que tanto nos agrada, poderíamos ficar estarrecidos com esse ponto de vista de Saint Martin, mas entendo que esse alerta seja para que não nos iludamos no sentido de que nossas iniciações temporais nos tragam diretamente essa verdade. Nossas iniciações devem ser consideradas como o símbolo de um caminho e não confundida com o próprio caminho. São boas desde que saibamos aproveitá-las. Uma iniciação por si só não tem o poder de nos tornar puros, sendo sim, a indicação de uma direção. Sim, pode existir perigo no processo iniciatico quando nos tornamos orgulhosos do grau que adquirimos, quando pensamos que somos dignos dele e assumimos apenas as glorias da iniciação e não os deveres concernentes a ela. Como diz Saint Martin mais a frente: “A alma mal dirigida aumenta ainda mais os seus entraves e a desarticulação desse setenario temporal” É necessário colocar todas as faculdades a prova antes de nos acharmos prontos, porque enquanto permanecer neste terreno de dor, estará no reino da mentira. Portanto é imprescindível desconfiar dessas luzes precoces que chegam à natureza de nosso ser e que querem nos governar involuntariamente.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Será que realmente despertamos quando abrimos os olhos ao amanhecer?
Para nós, seres humanos que vivemos no mundo das quatro dimensões do espaço/tempo, essa realidade é um fato indiscutível. Abrimos os olhos e vemos o mundo a nossa volta, ligamos o radio e ouvimos as ultimas noticias, levantamos da cama e sentimos os pés tocarem o chão, respiramos fundo e sentimos o cheirinho do café fresquinho vindo da cozinha, escovamos os dentes e sentimos o sabor refrescante de menta da pasta de dentes. Estamos presos às informações de nossos sentidos físicos. Mas será que nisso reside tudo?
Se você alguma vez já se questionou a esse respeito, significa que não está satisfeito com as respostas dadas pelos sentidos. Por mais que confiemos neles, sempre nos resta aquela duvida, basta fazer um daqueles pequenos testes de ilusão de ótica que encontramos na internet pra perceber o quão falho é nosso sistema sensorial...

As vezes demoramos a perceber certas coisas que estão a frente de nossos narizes. Por que? Por causa de nosso ponto de referencia. Nossa atenção filtra certas coisas que não nos interessa naquele momento de tal modo que nos tornamos cegos para elas. Não vermos algo não significa que não exista. E se vemos algo, ele existe pois o criamos, esse algo existe somente para mim e para aqueles que estão dispostos a vê-lo. O que acontece é que na “realidade relativa” em que estamos todos imersos, estamos todos dispostos a perceber as coisas da mesma forma.

Isso me leva a pensar que, poderia haver uma outra realidade alem dessa em que vivemos? E eu me respondo: Sim. Mas como seria essa outra realidade, ou melhor, como seriam essas outras realidades? Não sei, mas posso imaginar... Mas imaginar não me responde as perguntas. Seria necessário ao ser humano o desenvolvimento de um novo modo sensorial, a fim de perceber outras ”realidades”.

“...o olho do homem dos sentidos está profundamente fechado para a base absoluta de tudo que é verdadeiro e de tudo que é transcendental. E mesmo a razão que hoje queremos elevar ao trono como legisladora é tão somente a razão dos sentidos, cuja luz difere da luz transcendental como a chama da madeira apodrecida difere da luz do sol.
A verdade absoluta não existe para o homem dos sentidos, mas unicamente para o homem interior e espiritual, que possui um sensorium próprio; ou, para dizer de maneira mais clara, que possui um sentido interior para perceber a verdade absoluta do mundo transcendental...
Esse sentido interior do homem espiritual, esse sensorium de um mundo metafísico, infelizmente ainda não é conhecido por aqueles que estão fora...
Mas como poderia ser de outro modo? Para ver é preciso ter olhos; para ouvir, ouvidos. Todo objeto sensível requer o seu sentido. Assim é que o objeto transcendental também requer o seu sensorium, e este sensorium está fechado na maioria dos homens...”

Karl Von ECKARTSHAUSEN, no livro Nuvem Sobre o Santuario*

Falando por mim, estou longe de ter desenvolvido tal sensorium, mas ao menos vislumbro a possibilidade de sua existência. A deusa Maya, ou seja, o “universo material” a “Mãe da Criação” ou ainda pros íntimos simplesmente ilusão vai ser cultuada ainda por muito tempo.

Aere Perennius








* Editora Diffusion Rosicrucienne

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Reflexões Sobre os Números

O um é a unidade absoluta. Tudo está contido nele. Todos os números existem dentro dele. Por isso Deus é só um, pois Ele contém tudo.

O dois é a divisão dessa unidade. Poderia ser o surgimento de outra unidade? Creio que não, pois como a unidade é absoluta não poderia existir outra igual, portanto a díade é uma divisão. A unidade agora assume dois aspectos. É a consciência de bem e mal, certo e errado, a percepção de preto e branco, perto e longe, ou seja, toda a manifestação dual do universo.

O três é a relação entre os dois pólos da díade, que gera manifestação. Aliás, a tríade é necessariamente resultado dessa relação, pois um terceiro ponto surge da interação entre os outros dois. A corrente elétrica é a energia circulante de um pólo com mais carga para um outro com menos carga. O filho é o resultado da união sexual entre a mãe e o pai, ou mais especificamente falando do embrião, que é formado pela união do espermatozóide com o óvulo, unidos no útero.

O quatro é a estabilidade do sistema. Um pequeno equilíbrio entre duas partes. É o circuito elétrico em funcionamento. é o pai e a mãe cuidando do filho. E o presidente que foi eleito e mantem, seu governo.

O cinco é o movimento. O equilíbrio foi desfeito. O filho cresceu e saiu de casa. Houve um curto circuito no sistema elétrico. Com o cinco temos o homem em movimento e surge a noção de tempo.

O equilíbrio retorna ao seis, mas agora ele é dinâmico. 2 X 3 = 6, ou seja, a tríade do espírito em equilíbrio com a tríade da materia, o macrocosmo e o microcosmo. O caos aparente do universo equilibrado por suas leis naturais.

O sete unindo a estabilidade do quatro, com a lei divina do triangulo, forma o ciclo ideal, o poder cósmico.

O Oito encontra novamente um equilíbrio, agora uma harmonia entre opostos, lei de causa e efeito, um ajustamento da natureza, que independente de padrões humanos de ética ou moralidade respeita uma lei de compensação.

O Nove sendo a manifestação do três (3X3) poderia ser a base, ou o modelo arquetípico, sobre o qual o mundo físico é construído.

O Dez, um retorno a unidade em termos de totalidade, união da unidade com o vazio (0), percepção de que o zero é contido na Unidade, assim como uma afirmação contem em si sua propria negação. Seria portanto a Grande Obra Completa, pelo menos subjetiva e relativamente, pois sempre surge o 11, implicando em um recomeço de um novo ciclo, embora um degrau acima.




Quarta-feira, 18 de junho de 2008 (noite)

O Poder das Palavras

Quando se diz a expressão “cuidado com o que você fala, pois as palavras tem poder”, está se afirmando algo, que ao meu ver, exige um pouco mais de atenção. É claro e provável que as palavras tem poder, mas somente quando são pronunciadas com o conhecimento da vontade. As palavras sem a vontade são apenas palavras. Palavras acrescidas com a Vontade são magia e possuem realmente o dom de causar transformações, como a própria definição de magia, que é ação. No mais é preferível que se demonstre as palavras com atos. Antes agir do que falar. Demonstrar com ação aquilo que se quer dizer possui muito mais valor pois as palavras podem conter mentiras, para se mentir com ações é necessário muito mais esforço, portanto o mentiroso que age a mentira acaba por enganar a si próprio e acreditando na própria mentira, consequentemente.

Prefiro demonstrar o meu amor a dizer “Te Amo”...
Prefiro mostrar o meu trabalho a dizer “sou profissional”.
Prefiro demonstrar a humildade a dizer “sou humilde”.

De que adianta alguém dizer que ama, se depois por nada, acaba por abandonar o parceiro; Palavras ditas sem coração são largadas ao vento. Sonho que não se vive tende ao esquecimento ou á ilusão no pior sentido da palavra.

Antes de dizer o amor, prove-o.

Antes de acreditar no que dizem procure sentir a Vontade nas palavras.

Uma oração dita como se estivesse comprando pão não chega ao divino, sequer sai de sua boca, mesmo que tenham sido pronunciadas. Agora, ditas com o coração chegam além dos limites do universo.

Um ritual executado como se estivesse passeando no parque não surtirá o menor efeito, agora se for executado com entendimento e força pode surpreender até o ritualista.

O amor é a lei, amor sob vontade.
Faça o que quiseres, esse é o todo da lei.
Tudo é permitido. Nada é verdadeiro.
Todo Homem e toda Mulher é uma estrela, com sua direção e rota definidas no universo.
O que está em cima é como o que está em baixo.
Solve Et Coagula.
Seja feita a sua vontade.

Essas são apenas palavras escritas em um papel (em uma tela), que não farão nenhum sentido para um leigo. Mas nas mãos de certas pessoas podem transformar o mundo.

Com isso não estou dizendo em hipótese nenhuma que as palavras não tem poder, apenas que nós é que damos o poder a elas...

Se eu falo satanás, algumas pessoas me dizem, “Cuidado, você pode atraí-lo”...
Mas quando falo satanás, é como se eu dissesse copo, ou papel, ou lápis. Jamais dou o poder que a palavra não tem ao pronunciá-la, dessa forma, Satã nunca vai me atingir, pois não creio em sua existência...

Agora, se um desavisado fala esse nome, e fica com medo por tê-lo pronunciado, mesmo que inconscientemente, sua Vontade vai atrair aquilo, que arquetipicamente ele entende como sendo Satã...

e possivelmente atrairá algo negativo para si mesmo!!!!...

Arcano 14 – A Arte... (Um pouco de alquimia)

VITRIOL – O Solvente Universal – Formado pela combinação equilibrada dos três princípios alquímicos : Enxofre, Sal e Mercúrio.

Visita Interiorem Terrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem
Visita o Interior da Terra, Retifica e Encontrará a Pedra Oculta

São seis as operações no processo de transformação:

A Calcinação, corresponde a cor negra, à destruição das diferenças, à extinção dos desejos e à redução da materia a seu estado primordial. A Putrefação, que separa os elementos calcinados até sua total dissolução; a Solução correspondente à cor branca e à separação dos elementos; a Destilação, sendo o esforço para atingir estados purificados, ou seja sem interferencias, não corrompidos; a Conjunção ou união dos opostos, relativa ao vermelho, e por fim a Sublimação que corresponde ao dourado, ao Sol, à plenitude do ser.

SOLVE ET COAGULA

Algumas Considerações Teológicas





Segundo a bíblia, Deus nos criou a sua imagem e semelhança mas deixando um pouco de lado por enquanto as correlações simbólicas dessa expressão, o que me surge a cabeça nesse instante, de acordo com a interpretação da maioria das religiões a respeito de Deus, é a impressão de que na realidade, o homem criou Deus a sua imagem e semelhança.





O Deus que imagino, como criador, repare bem no termo imagino, não poderia em hipótese alguma possuir características humanas, pois o ser humano por definição é imperfeito, justamente por essas características. Querer imputar esses defeitos a Deus é diminuir seu poder, aliás, poder também é uma característica humana e dual. Deus sendo uma Unidade, não pode apresentar um pólo em separado do outro.





Se Deus pode ser vingativo, como o Jeová do antigo testamento porque eu não poderia. Observe a passagem de Naum cap 1, 2 : “O Senhor é um Deus zeloso e vingador: O Senhor é vingador, e arma-se de furor. O Senhor toma vingança contra os seus adversários, e ira-se contra seus inimigos.” Não devemos seguir o exemplo de Deus? Se vingança e ira são pecados, e Deus se vinga e ira-se, existe algo de muito errado com esse Deus.





Se Deus pode ser egoísta e querer um povo só pra ele, porque eu não poderia ser egoísta e querer as coisas só para mim? Se Deus gosta de ser idolatrado, porque eu também não poderia?





O Deus que vemos nas religiões é extremamente mimado e se irrita facilmente quando não é idolatrado, a ponto de expulsar para o inferno, danação eterna, aqueles que são contrários a ele. Isso me lembra muito o comportamento de Hitler, respeitando as devidas proporções, que também queria ser Deus no sentido de criar uma raça pura exterminando todas aquelas que não fossem arianas. O Deus das religiões também não age assim? Ao expulsar para o inferno eterno aqueles que não o idolatram? È um grande ponto de questionamento!





Por que o Deus que criou os muçulmanos e os cristãos iria lutar contra os muçulmanos em prol dos Cristãos ou vice e versa? Será que existem vários Deuses criadores? Será que o Deus que criou os Hindus e os negros africanos das tribos primitivas não é o mesmo Deus? E os ateus? Sofrerão conseqüências nefastas unicamente por não acreditarem?





Quem está certo ao falar sobre Deus? Os muçulmanos ou os cristãos? Os hindus ou os Chineses? Os africanos ou os mórmons? Esses Deuses são tão diferentes que fica muito difícil considerar qual deles é o verdadeiro e único. Mas a resposta é extremamente simples: Nenhum deles é o verdadeiro Deus pois todos eles foram criados a imagem e semelhança de sua cultura humana. Todos são apenas sombras, imagens holográficas e antropomórficas. Desejo inconsciente de poder e dominação sobre outros povos através de poderes sobrenaturais.





Deus está me parecendo muito pior do que alguns pais humanos.





As igrejas estão lotadas porque ensinam que não somos responsáveis por nossos atos, que quando ocorre algo de bom foi Deus quem proveu e se algo ocorre de ruim foi o Diabo. O único trabalho que o fiel possui é crer. Deus não pede nada além, apenas creia! Peque, mas se você se arrepender de coração é perdoado e está salvo. Bem fácil esse caminho!





Nada contra. A cada um seu caminho. Cada um conhece a estrada por que anda, ou pensa que conhece. Mas se redimir das responsabilidades parece-me um caminho fácil demais. É um caminho vicioso e circular. Tudo é culpa do demônio ou premio de Deus. Porque reconhecer as leis de cause e efeito se o Diabo é sempre o culpado? Ah o Diabo!!!! Grande trabalhador da obra divina. Sem ele, ou melhor, sem o que julgam que é obra dele, o homem jamais seria salvo, para usar um termo comum aos cristãos.





Assim termino esse pequeno ensaio sobre Deus, sabendo que trouxe mais perguntas do que respostas, aliás penso que afirmar algo sobre Deus, limitá-lo em termos humanos é sempre um erro terrível e que pode trazer até mesmo malefícios. Por isso prefiro a denominação simbólica dos qabalistas: Ain Sof!

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Sobre as Atribuições Qabalisticas das Letras Hebraicas

Creio que considerar a letra hebraica Tau como uma das letras mães, tal como faz Saint Yves D’alveidre em seu livro “O Arqueômetro”, seja um pouco simplista, pois levaria em consideração apenas o conceito de inicio e fim, sendo que os atributos das letras mães do alfabeto hebraico são formativos. O Alef representa o sopro divino, a energia vital primordial, o Mem a vida em sua formação e o Shin a própria quintessência divina, a lei da triangulo ou a trindade conforme o simbolismo oculto das religiões em voga, a energia do fogo.
A organização das letras hebraicas em ordem numérica é anti-natural, pois a vida é dinâmica e não extática, as palavras só se formam alterando-se a ordem das letras, portanto limitar seu fundamento em inicio, meio e fim simplificaria de forma incompleta seu significado. Se colocamos o Aleph no meio de uma expressão já se descaracteriza seu significado de inicio, mas não seu significado de Principio. Principio, Meio e Finalidade, assim poderíamos representar as letras mães do alfabeto hebraico. O Aleph um principio, uma essência. O Mem um meio, um modo de operação e o Shin uma finalidade, um objetivo. As letras estão soltas no ar, e sua disposição é praticamente randômica, considerando-se é claro, as leis naturais de causa e efeito.
Mas não podemos negar a existência do Alpha e do Omega da criação como inicio e fim, pois o mundo manifesto teve uma origem, um inicio, e terá por conseqüência um fim, pois segue uma lei cíclica natural. Deus sendo o Principio e o Fim não significa que ele esteja limitado nesse espaço-tempo. O mundo manifesto possui em sua essência o Principio Divino, e em sua existência possui uma Finalidade, somos feitos a sua imagem e semelhança, como um espelho distorcido. Embora esse Principio e essa Finalidade sejam desconhecidos para nós seres humanos de limitada percepção.

O limitado é incapaz de perceber o ilimitado.

(Aere Perennius)

Quarta-Feira, 11 de Junho de 2008 (Manhã)