A autoconsciência é a faculdade que diferencia o ser humano dos outros animais, pois segundo Richard Bucke, no livro “Consciência Cósmica”, ela torna o homem não só “consciente de árvores, rochas, águas, seus braços, suas pernas e seu corpo”, mas também “consciente dele próprio como entidade distinta, separada do resto do universo”. Além de permitir a distinção entre o certo e o errado, o bem e o mal, mesmo que de forma relativa e cultural. Consciência significa portanto, com conhecimento, ou seja, entendimento a respeito de si próprio e das condições que o cercam.
Mas existem níveis diferenciados de desenvolvimento dessa consciência, que se dá através da observação, ou seja, da percepção dos sentidos. Através do que ouvimos, vemos, tocamos, cheiramos e saboreamos, podemos analisar, interpretar, e chegar a conclusões, que podem ser variáveis de acordo com os diversos graus de desenvolvimento de consciência. Pessoas diferentes podem passar por situações idênticas e não necessariamente chegar às mesmas conclusões.
A observação é uma característica que compartilhamos com toda espécie vivente, que possua mesmo um aparelho sensorial bem simplificado, como os insetos, por exemplo. A diferença entre o homem e as outras espécies, com relação à observação é o modo de reação. Nos animais chamados irracionais, essa reação é instintiva, ou seja, respeita o impulso natural de cada espécie. Exemplificando, um predador que espreita sua caça espera o melhor momento para “dar o bote”, mas diferente do ser humano, ele não racionaliza esse movimento, quando sua percepção determinar a proximidade da caça, imediatamente ele ataca. Essas sensações observativas, são ligadas diretamente aos sentidos físicos, que são transmitidas ao organismo, que registra no código genético e as transmite de geração para geração. Isso explica porque os pássaros sempre migram no inverno para um local mais quente e os pingüins procuram um local distante mas seguro para sua reprodução.
O homem desenvolveu a autoconsciência através de milênios de evolução, mas como esse é um processo gradativo, cada individuo, de acordo com seu grau evolutivo pode interpretar de formas diferentes e cada vez mais complexas as observações dos órgãos sensitivos.
Observando a natureza, o homem via que por períodos cíclicos e determinados, havia uma variação entre a claridade e a escuridão. Nos primórdios da consciência, ele entenderia que alguma espécie de divindade ou demônio, de modo mágico e misterioso roubaria a luz no período que chamou noite e a devolveria no outro período, o dia. Isso o aterrorizaria, até ele perceber que podia aproveitar a luz do dia para trabalhar em seus trabalhos de caça e pesca, e escuridão da noite para descansar e recuperar as energias.
Então ele percebeu que haviam coisas luminosas no céu, que no principio assustavam-no, pois ele não conseguia entender de que modo elas se sustentavam no ar, passando a considerá-las divinas, dando nomes e poderes a elas, tais com o Sol, a lua e as estrelas. Para justificar o modo como esses “deuses” permaneceriam sem cair, surgiu a ideia de que existiriam niveis esfericos que circundariam a Terra e manteriam esses astros. Cada um desses niveis fisicos girariam em torno da Terra com diferentes velocidades, dessa observação ele percebeu que o Sol girava em torno da Terra. Isso era nuito óbvio, pois ele não sentia a Terra se mover. Sua simples percepção limitava a interpretação dos fatos. Criaram-se leis e filosofias em função dessa observação, dogmas inquebrantáveis assumidos pelas crenças religiosas que viam interesse em manter os padrões estabelecidos.
Mas o homem sempre observa, e ao prestar atenção mais profundamente, percebeu que o movimento dos astros era um pouco diferente do que se imaginava e descreveu-o de outra forma, Copernico por exemplo, desenvolveu a idéia de que era a terra que girava em torno do Sol.
Galileo Galilei ampliando essa idéia representou através de métodos matematicos o tipo de movimento que era executado pelos astros celestes. Essa idéia ia contra a postura conservadora aceita e implantada pelos circulos religiosos dominantes da época, cuja percepção encontrava-se ainda limitada pela cegueira imposta pelos dogmas, pela fé cega. Então, em conformidade com os ideais da época, condenou-se uma das consciencias mais avançadas à morte. Ele só conseguiu sobreviver pois desmentiu em publico suas teorias, mesmo sabendo que elas eram corretas.
Como os fatos sempre são mais consistentes do que as suposições, a humanidade teve que dar a mão à palmatória, pois as se ampliarem os modos de utilização de seus sentidos através de poderosos instrumentos como lunetas e microscópios, ampliou-se também seus métodos de observação, acumulando mais informações, melhorando suas interpretações dos fenomenos naturais, ampliando portanto seu grau de consciencia, ou seja entendimento.
Tornou-se fato inquestionavel que é a terra que gira em torno do Sol, e não o contrário, e que a lua gira em torno da Terra, em periodos ciclicos que ele jah conhecia. Mas o desenvolvimento da consciencia não pararia aí. Isaac Newton percebeu que certas leis mantinham as coisas em equilibrio e determinando essas leis, sempre através da observação de fenomenos naturais, descobriu a lei da gravidade que explica o modo como os astros celestes se mantém em movimento.
Em seguida Albert Einsten, utilizando-se de metodos bem diferentes de observação, pois ele não mais olhava para o movimento e a forma das coisas para chegar as conclusões. Ele imaginava situações hipotéticas e, dessa forma, desenvolvendo um resultado teórico, formulava suas concepções. Assim ele descobriua s teorias da relatividade geral e restrita, entre outras que revolucionaram o meio academico e o campo da ciencia, ajudando a ampliar mais ainda os graus de consciencia d a humanidade. Pois a evolução além de individual também é coletiva.
Com o continuo avanço da tecnologia e a ampliação dos métodos de observação, descobriu-se os quanta de energia, ou seja, criou-se a teoria quantica. Porém, o comportamento desses quanta não respeita as leis natutrais da fisica Newtoniana, e a consciencia do homem ainda não adquiriu suficiente grau para a interpretação desses fenomenos, ele vem desenvolvendo teorias ás vezes complementares, outras vezes discordantes, não formando um consenso geral a respeito das diversas teorias explicativas de tais eventos. Existe unicamente um consenso estatistico e de catalogação dos dados experimentais.
Entre as diversas escolas da fisica quantica podemos citar:
a) A interpretação de Copenhague, onde é dito que “não existe nenhuma realidade profunda”, ou seja, segundo essa interpretação o mundo que vemos em torno de nós é suficientemente real, mas flutua mum mundo que não é real.
b) A interrpretação de Copenhague (Parte 2), A realidade é criada pela observação.
c) A realidade é um todo indiviso, “Somos conduzidos a uma nova noção de inteireza continua que nega a possibilidade de uma analise clássica do mundo, através de sua divisão em partes isoladas e independentes... A indivisível interconectibilidade quântica de todo o universo constitui a realidade fundamental. ( David Bohn)
d) A realidade consiste de um numero sempre crescente de universos paralelos.
e) A lógica quântica, O mundo obedece a um tipo de raciocínio não humano.
f) Neo-Realismo, O mundo é constituído de objetos comuns.
g) A consciência cria a realidade.
h) O mundo duplo de Werner Heinsenberg, “O mundo eh duplo, consistindo de potencialidades e realidades.
O desenvolvimento do conhecimento dos numeros e das formulas matemáticas possibilitou ao homem transcender certos conceitos, como o das dimensões espaciais. Resumidamente, podemos considerar o teorema de pitágoras, que representa no triangulo retangulo a definição de que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Essa formula tem sua razão no plano bidimensional, ou seja: h2 = a2 + b2.
No plano das tres dimensões, se considerarmos o cubo, podemos determinar que a soma dos quadrados dos lados contíguos do cubo é igual ao quadrado da diagonal, ou seja: d2= a2+b2+c2. Por extensão, consideremos a possibilidade de um plano de quatro dimensões, onde por falta de órgãos sensitivos, simplesmente não percebemos essa hiperdimensão. Existiria um hipercubo, cuja soma dos quadrados dos hiperlados contiguos seria igual ao quadrado da hipotenusa, dessa forma: hd2= a2+b2+c2+d2, e assim sucessivamente.
É muito facil explicar porque não percebemos essa hiperdimensão. Em uma definição antiga de imaginemos um pais bidimensional, onde vive um ser consciente de si e de seu mundo. Tudo para ele seria plano e linear e desenvolveria leis que explicariam o fato das coisas serem desse modo. Ele mesmo não perceberia que é plano. Um simples quadrado desenhado em seu mundo plano, seria como uma prisão, caso ele estivesse dentro. O único modo de sair seria apagando a linha, pois a hipótese de pula-la simplesmente não existiria,pois ele estaria circunscrito e limitado a este plano. Seu grau de percepção seria incapaz de perceber isso.
Isso parece desenho animado, e sem nenhum senso de realidade. Não existem seres pensantes em uma folha de papel. Mas ampliemos esse conceito para nosso plano de tres dimensões fisicas. Tal e qual o ser do plano bidimensional, estamos presos nos limites da altura, largura e profundidade, pois nossos orgãos sensoriais se desenvolveram de acordo com as necessidades impostas pelo mundo tridimensional.
De que forma poderiamos constatar esse fato? Até agora são apenas conjecturas e teorias, mas não podemos esquecer que a raça humana é sempre privilegiada pela existencia de seres humanos que surgem, de tempos em tempos, com um grau de percepção mais avançado que a maioria, e através de suas experiencias ajudam o resto da humanidade a ampliar os metodos de percepção. No plano da ciencia citei Copernico, Galileu Galilei, Newton e Einsten. No plano espiritual posso citar grandes avatares e homens iluminados que ao seu tempo e ao seu modo possuiam ummodo superior de percepção. Esses homens descrevem para nós suas interpretações, sempre limtadas, pois a linguagem é o resultado da interação dos sentidos fisicos, e desenvolve-se gradualmente, tal e qual a consciencia, conforme o surgimento de novas idéias e conhecimentos. Por isso o modo de transmissão dessa percepção pode se tornar mistica, simbólica e até mesmo distorcida, dependendo da interpretação linguistica a que o homem atribui, sempre de acordo com seu grau de entendimento.
Entre esses iluminados, posso citar o faraó Akhenaton, que foi injustiçado em sua época, por tentar mudar radicalmente o modo de ser do povo egipcio, Moisés que foi um guia politico e espiritual do povo Hebreu que se encontrava perdido e sem teraa. Buda que atingiu a iluminação, ou seja, a percepção de uma outra realidade. Jesus Cristo, que com sua mensagem de amor tentou trazer essa percepção para a humanidade, que por não estar preparada, tornou material seu ensinamento espiritual, transformou em igreja fisica o que deveria ser a igreja interior e invisivel. São Francisco de Assis, Jacob Boheme e Louis Claude de Saint Martin , cada um a seu modo, trilharam uma via de reintegração do homem de desejo com sua origem divina antes da queda. Alan Kardec e Chico Xavier, um com sua sensibilidade cientifica de organizador, e o outro com sua sensibilidade espiritual, trouxeram muita luz sobre o mundo. Madre Tereza de Calcutá e Gandhi com seu desapego material e muito amor universal, dedicaram sua vida em função da humanidade.
Alguns Rishis indianos, que através de árduo trabalho de meditação e concentração, conseguem atingir o que eles chamam de Nirvana, descobrindo um outro estado que seria o natural para o ser humano. Outros tentam, também através da linguagem limitada, transmitir suas descobertas, diametralmente opostas ao mundo tridimensional, da manmifestação dos fenomenos materiais, trabalhando inclusive com a descrição de paradoxos inimaginaveis, basta dar uma rapida olhada no Tao Te King de Lao Tsé.
Acredito portanto, que o proximo passo para a evolução da humanidade é a ampliação da consciencia, através do desenvolvimento sutil de órgãos de percepção imateriais.
Segunda – Feira, 12 de maio de 2008 10:00 (No onibus indo para o trabalho)
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